As sementes foram plantadas lá na infância. O amor pelos animais e plantas começou no interior do município de Mata, Rio Grande do Sul, onde, aos 14 dias do mês de outubro de 1927, nascia Luiz Cassol, filho dos agricultores Antônio Cassol e Gracioza Buzzatti Cassol.
Em 1950 casou-se com a dona Armelinda. Até 1953 viveram da agricultura. Depois, começou a trabalhar no Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER) em construção de pontes, atuando como ferreiro e soldador. Chegou à Terra dos Poetas em 1957, fixando residência no município para que os filhos pudessem estudar. Aposentou-se do DAER no ano de 1984.
A aposentadoria, ou a proximidade dela, fez com que, em 1982, Luiz Cassol decidisse criar aves, pois, segundo a família, desde piá, gostava delas, e, estando aposentado, poderia dedicar-se integralmente à criação. A mesma teve início com um casal de jacu. Conheceu as aves do servidor público Ortegal, conseguindo com ele um casal de faisão coleira. Depois, um casal de faisão prateado. Já o primeiro pavão pertencia ao cantor e contador Julio Saldanha, também um criador de aves, amigo da família e que ‘trocava figurinhas’ com Luiz.
Visita de escola |
O Minizoo do Vô Cassol (seu apelido carinhoso) virou ponto turístico de Santiago, sendo visitado, principalmente, por estudantes que aprendiam muito com suas aulas ao ar livre. Eles iam ao local conhecer e estudar as aves.
‘Ele sentia um prazer muito grande em manter sua criação por gostar de aves, e, também, pelo contato que proporcionava com pessoas da comunidade e alunos de diversas escolas’- trecho de histórico feito pela família.
Na história do Minizoo estão faisões, pavões e aves nativas como tarrãs, perdigões, seriemas, marrecas do banhado, corujas, quero-queros. Também, sempre foram recebidas aves feridas, que, após curadas, eram devolvidas à natureza! As que não apresentavam condições de serem soltas permaneciam sob seus cuidados, prática essa que a família mantém até hoje.
No ano de 1993, a criação foi decretada de utilidade pública pela Lei 050, sendo que a partir daí a prefeitura passou a destinar alimentação e alguns medicamentos, contribuindo para a manutenção das espécies.
Outro defensor da natureza, Carlos Sudati, via Empresa Braspelco, de Nova Esperança do Sul, engajou-se em prol de uma reforma no local no ano de 2002. Assim, as gaiolas foram padronizadas e foram construídos espaços para animais aquáticos.
Na caminhada na proteção animal, Vô Cassol deixou mais uma importante contribuição: foi um dos fundadores da Associação de Conservação e Proteção aos Animais (ACPA).
O gosto pela leitura proporcionou vastos conhecimentos, sendo um hábito que passou aos filhos. Na infância deles, promovia sessões de leitura em família. Ainda hoje, revistas e jornais eram companheiros diários do Vô Cassol.
Homenagens e recortes de jornais preservados pela família |
Uma vida dedicada ao amor aos animais, transmitindo a importância do respeito que devemos a eles, rendeu reconhecimento ao Guardião da Natureza. Foi homenageado na Semana da Pátria, em 2003; em 2005, recebeu o Título de Cidadão Santiaguense; em 2015, o Troféu Lutzenberger, que destina-se às personalidades ou entidades destaques do ano na proteção, recuperação, educação, ações e projetos voltados ao meio ambiente em Santiago; em 2021, sua imagem foi parar na cédula de 5 Pila Verde, moeda santiaguense entregue na troca de lixo orgânico.
As visitas externas ao Minizoo encerraram no ano de 2017, mas continuaram os atendimentos a aves filhotes, machucadas e resgatadas. Atualmente o local abriga animais idosos como araras, papagaios, seriemas, jacus, calopsitas, caturritas, galinhas, totalizando em torno de 25 aves.
Família reunida! |
Vô Cassol partiu no dia 26 de janeiro, aos 94 anos. Era viúvo (a esposa faleceu em 2002). Deixa sete filhos, sete netos, dois bisnetos e uma legião de admiradores!
Para aquele que sempre construiu pontes (no trabalho do DAER e em prol da natureza), a nossa gratidão eterna!
Poesia em homenagem ao Vô Cassol |
Selfie com uma das netas, Lívia |
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