quarta-feira, 23 de março de 2022

Com a proximidade do feriadão de Páscoa, ACPA fala sobre o bem-estar de peixes

Com a proximidade da Sexta-Feira Santa, cujo feriado religioso será no dia 15 de abril de 2022, a Associação de Conservação e Proteção aos Animais de Santiago (ACPA) busca incentivar os membros da Associação de Piscicultores a zelarem pelo direito de uma morte digna aos peixes. 

 A ACPA entende que o ideal seria não nos alimentarmos da morte de outrem, porém, cabe esse alerta, pois uma meta defendida pela associação é a morte digna de qualquer ser vivo. 

 A ACPA utiliza-se de um artigo publicado no ano de 2007 na revista Panorama da Aquicultura, de autoria dos pesquisadores Ana Silvia Pedrazzani, Carla Forte Maiolino Molento, Paulo César Falanghe Carneiro e Marisa Fernandes-de-Castilho (clique aqui e veja). Naquele ano, tanto no Brasil como no mundo, a preocupação com o bem-estar dos peixes durante os processos produtivos encontrava-se em seus passos iniciais. Um dos principais questionamentos é se o bem-estar de peixes tem menos importância que o bem-estar de aves e bovinos. 




A sociedade se importa? 

Segundo o artigo, sim. De acordo com as entrevistas realizadas, 87% das pessoas acreditam que alguns métodos de abate causam sofrimento aos peixes, apesar de 48% afirmarem já ter comprado peixes vivos e tê-los transportado até o local de consumo em sacolas plásticas, fazendo com que eles morressem por asfixia. Dos entrevistados, 48% pensam que o sofrimento afeta a qualidade da carne. E eles estão certos! Segundo POLI et al. (2005), as reações químicas provindas da dor e do estresse no momento do abate fazem com que os peixes entrem em estado de rigor-mortis muito rapidamente. O sofrimento provoca ainda, uma redução das reservas de glicogênio da musculatura dos peixes e, consequentemente, menor acúmulo de ácido lático. Isso faz com que o pH da carne fique próximo da neutralidade, acelerando a ação das enzimas musculares ou o desenvolvimento de bactérias, tendo como consequência a degradação mais rápida do pescado. Ou seja, o método de abate interfere na qualidade final do produto, sendo que quanto maior o sofrimento, menor será o tempo de prateleira do pescado. 

Sugestões 

Considerando que o peixe é um animal que tem vida e sente dor, deve-se, a exemplo do abate de outros animais para consumo humano, usar métodos menos sofredores. Ao retirar o peixe da água, a ACPA sugere um dos dois métodos: 

Percussão (martelada na cabeça) 
Desnucá-lo com a ponta de uma faca 

Os métodos acima sugeridos são utilizados em feiras do Paraná e outros estados. 

O que é senciência 

No ambiente técnico, o termo vem sendo utilizado como a capacidade de sentir, sendo um pré-requisito para a discussão do bem-estar. Os peixes são considerados seres sencientes pela maioria dos pesquisadores atuais. 

 A alimentação, o manejo, a qualidade da água, a densidade de lotação, o transporte e o abate são os principais pontos críticos da produção de peixes, podendo interferir no seu grau de bem-estar.